O Jornalista e o Historiador: Aproximações e Diferenças | Dai Varela

5 de junho de 2011

O Jornalista e o Historiador: Aproximações e Diferenças

RESENHA-CRÍTICA

“Estarão, pois, jornalistas e historiadores condenados a disputar o mesmo terreno numa situação estranhamente concorrencial?”, eis, então, a questão fundamental que o professor António Reis* pretende responder ao longo do texto, propondo-se reflectir sobre o papel do historiador e do jornalista na sociedade actual num discurso acessível.

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O autor começa por acusar o jornalista de fabricar o acontecimento, pondo em causa, assim, o trabalho do historiador (ao debruçar-se sobre o passado mais presente dos factos já abordados pelo jornalista), e, pondo em causa a própria História (ao recriar os factos no intuito de abranger maiores audiências em vez de os transmitir). Isto faz com que o historiador parta de pressupostos errados quando não faz a crítica das fontes, ou tenha a ingrata tarefa de desmentir factos que o público tenha como verdadeiros.

Reis didacticamente subdivide a questão em tópicos, abordando a forma como os factos são seleccionados, com o jornalista a escolher no todo apenas aquilo que se configura como novo e interessante para um público ávido do imediato, enquanto que a tarefa do historiador é a de seleccionar factos que podem deixar marcas ao longo do tempo para um público posterior a esse acontecimento.

De uma forma sucinta mostra que a metodologia de trabalho do historiador assenta-se num conjunto de modelos/conceitos científicos enquanto que o jornalista interpreta o acontecimento tendo em conta a sua relação com outros acontecimentos ou com a própria história. Apesar das diferenças de métodos, Reis considera que existem semelhas na actuação de um e de outro, ao que ele chamou de “momentos formais”: tanto no momento em que os factos são investigados como no momento em que esses factos são comunicados através do discurso escrito. Em ambos os casos devem ter rigor e isenção, com o jornalista a fazer uso de um discurso mais curto e menos demonstrativo por causa das exigências do próprio meio de comunicação.

O professor considera que o historiador deverá ter um maior acesso aos media se quiser manter ou aumentar o seu prestigio levando através do seu discurso a satisfação da necessidade social de identificação, pois que o jornalista enquanto representante do quarto poder detêm uma grande influência sobre os poderes políticos.

Concluí afirmando que o jornalista só tem a ganhar quanto maior for a sua bagagem histórica e que o historiador se reforçará ao trazer algumas técnicas jornalísticas para a sua área de investigação.
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*António Reis (Lisboa, 1948), professor universitário, político e maçon português que é professor auxiliar na Universidade Nova de Lisboa e ocupa o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa desde Junho de 2005. 

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